terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Água de beber


Brad Pitt acorda, dirige-se ao banheiro, pega o copo na pia, enche e vira.
Morando na América, servindo água da torneira todos os dias, não podíamos deixar de aderir ao hábito. Não que adorássemos a água encanada. O gosto meio amargo não era nem um pouco bom, mas depois de experiências variadas, percebemos que dava pra tapear gelando os galões. O gosto amargo passou. Talvez por vontade, talvez pelo costume. Ou talvez pela emissão de ondas da geladeira.
Por sessenta dias, quando a garrafa esvaziava, era só recorrer a pia e nossa sede tinha fim.
No 61º, saindo de casa, sou abordada no corredor:
Comunicamos que a partir dessa semana os moradores podem beber a água da torneira. Voces não precisam mais fervê-la. Sentimos muito pelo inconveniente e pedimos desculpas.

Ah, ta bom. Estou muito contente pela informação.
Mais contente ainda se eu não souber qual é o inconveniente.
É só não olhar para as obras no sistema de esgoto da rua.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Lady de bike: O fim

O Google maps é a nossa salvaçao há muitas semanas. O que nao salva é quem olha o mapa...
Vi o endereço do meu destino no nosso guia de cada dia e peguei o rumo. Ah, tranquilo, segue a avenida principal, vira a esquerda na casa do cacete e uma hora vai chegar.
E lá fui eu, leve e solta por 10 quilômetros. E o tal do lugar nao aparecia. Achei que estava errada, retornei. Retornei até o mercado, comprei uma lada de pringles e retornei a minha suada energia dispensada no caminho. Ah, delícia.
Delícia melhor foi reabrir o mapa e descobrir que tinha resolvido voltar quando faltava 500 metros pra chegar. Pedalei por vinte quilometros pra faltar um.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

O retorno da Lady de bike


Diante da perspectiva de virar garçonete, assumi que precisaria de roupas pretas. Me programei para comprar algumas -- frustradamente, como todos os planos feitos por mim nesse lugar. Quando não é a chuva, é o frio, ou o vento, ou minha airbed que me maltrata mas de que nao consigo sair.
Naquele domingo, acordei tarde e - para variar - vi que tinha perdido a única linha de ônibus que me levaria ao shopping das lojas menos caras. Porque em dólar NADA é barato.
Dia de sol, qual a soluçao? A nossa vermelhinha matusalenica. Arrumo a famosa mochila da IE com os dólares suados e chorados e rumo ao Pavilhão. Pedala, Clarice!
Depois de mais de uma hora recheada de dúvidas (aaai, sera que eu ja passei do lugar? gente, como atravesso essa avenida?) alcanço o tal lugar.
Catando bastante até encontro algumas peças a um preço menos sofrível.
Eeeis que o meu mudo celular toca. Óbvio que é uma das Brasileiras. Atendo e...?
--Clarice, voce está com a minha mochila! A sua ficou aqui no chão, com suas coisas e a carteira. Dentro dessa só tem uma blusa embolada e suja.
Aah que delícia que foi voltar pra casa pelos 11 km de volta!
com a mochila vazia, sem roupa preta, sem dólar algum
e nem ao menos com a possibilidade de contar com o suporte do ônibus e pendurar a bicicleta.